sábado, 8 de abril de 2023

Eu gosto do outono. E da lua cheia.

É difícil escrever. Tenho ensaiado soltar algumas palavras aqui já a algum tempo, porém, sempre falta algo para o negócio realmente acontecer. E geralmente é uma besteira qualquer que me desvia a atenção ou me leva a fazer outra coisa. Pois bem, quando isso não acontece e o negócio está realmente para acontecer há o receio do que vai ser interpretado. Será que utilizar tantas referências à cultura pop em um curto período é uma boa ideia? Principalmente pelo fato delas estarem todas logo na primeira sentença, sendo que inclusive toda essa primeira frase poderia ser lida como uma grande referência involuntária a uma das cenas mais aclamadas do cinema recente, mas, pelo ponto de vista da "vilã" que romantiza algo que prejudica tantas pessoas em tantos lugares? Realmente. 
Bom, neste caso recomeçamos e a ideia vai saindo, de repente expressando o que já se queria na primeira intenção, mas dessa vez com outras palavras, de outro jeito e aí quem sabe facilitando a interpretação do interlocutor. Mas, será que dessa vez não ficou muito subjetivo? Frases soltas, sem referências dessa vez, mas talvez, abstrato demais? Abstrato. Com pitadas de surrealismo. Uma coisa meio "the shivering truth". Acho que tudo bem, haja visto que hoje em dia vivemos um tempo onde o pessoal se orgulha de não entender as tirinhas da Laerte. E então você percebe que está chegando ao mesmo lugar de sempre. Isso significa que a sua essência sempre esteve ali, no mesmo lugar, intocável. 
Alguém te chama, você responde. Interrompe sua linha de pensamento, se desvia lentamente do seu objetivo inicial, mas, de alguma maneira mágica, dessa vez faz diferente e continua seguindo, em frente, rumo ao que queria no começo. Que era o que mesmo?
Ah sim. Estar de volta. Eu estou de volta, pois afinal "você tem que criar a confusão sistematicamente, isso liberta a criatividade. Tudo o que é contraditório cria vida." Depois do verão sempre vem o outono e não há nada no meio.
Sendo já fato estabelecido que as coincidências da vida movem os recomeços, hoje tem uma também, assim como teve uma ontem, mas ambas irrelevante a essa altura. Talvez amanhã tenha outra e, de qualquer forma, fica o registro. Se isso aciona algum neurônio aqui dentro e faz a coisa funcionar melhor, tá ótimo. Está tudo ali, onde sempre esteve. Basta enxergar, através dos meus olhos, ou dos seus refletindo os meus. 
 
Para ler ouvindo:

quinta-feira, 7 de maio de 2015

formula mágica da paz (2)

Sou da geração Y, a tal geração do milênio. Até outro dia mesmo, isso era bom. Cresci ouvindo que eu era especial, não só de meus pais, mas também de muitas outras pessoas que as vezes nem me conheciam direito. Sei também que não fui o único que cresceu assim, ouvindo isso semana a semana e por vezes acreditando que era verdade.
Hoje, tudo vai ficando mais claro e das piores maneiras possíveis. Éramos todos especiais a nossa maneira e não tinha nem como não sermos, afinal, somos de uma geração que nasceu antenada, cercada por uma globalização cada vez mais intensa culturalmente, vendo explodir diversas coisas novas em nossa frente, todas com uma velocidade impressionante. Com a ajuda da popularização da da internet, que intensificou este turbilhão de coisas diferentes, fomos induzidos a acreditar que todos éramos pretensiosamente interessantes e no fim, caímos na real de uma vida sem sentido cercada por questões filosóficas retóricas na era da pós verdade. 
De vez em quando surge uma matéria em algum jornal, revista ou site que diz "pesquisa revela que vida adulta começa aos 25 anos" e que me soa apenas como uma tentativa (frustrada) de consertar todo o erro dos pais da nossa geração, mas contraditoriamente, indo pelo mesmo caminho deles por justificar nosso amadurecimento tardio em comparação a outras épocas.
Nossas avós se casavam antes dos 18 e nossos avôs trabalhavam desde os 12 em lavouras ou coisas do tipo. Nossos pais precisavam namorar só de mãozinhas dadas um bom tempo até consumarem o fato e partirem para um relacionamento sério. Era um amadurecimento forçado, mas era um amadurecimento. Hoje entramos na faculdade aos 18 sem ter a mínima noção de carreiras profissionais, a não ser que tenhamos pais atuantes em carreiras que sejam atrativas. Saímos da faculdade com 22, 23 anos, atingindo o ápice da promiscuidade e da presunção por sermos tão novos e ter um grau de bacharelado que nos faz sentir como se fôssemos "o especialista" sobre qualquer assunto mesmo que não seja relacionado ao que estudamos, isso quando estudamos, não levando com a barriga semestre a semestre só em busca do tão famigerado canudo que no fim das contas, pouco representa.
Infelizmente percebemos tudo isso da pior maneira possível. Somos filhos de uma geração protecionista que cresceu ouvindo histórias sobre imigração de refugiados, guerras mundiais reais e entrou na vida adulta na época da ditadura, com um terço da nossa liberdade, cercados por teorias da conspiração e afins e por incrível que pareça, prestes agora a vivenciarem tudo isso novamente, com o adicional da comunicação em tempo real via redes sociais.
O lado bom disso tudo talvez seja que possuímos consciência de tudo que nos aflige e isso na teoria torna natural a nós querer ou ao menos tentar passar um futuro diferente para os nossos filhos.
Eu sou do fim da geração Y e vejo exemplos dessa consciência criada em preparar melhor nossos filhos através do que vivenciamos. Valores reais e sustentáveis. A geração seguinte, que está agora entrando na faculdade, se formando e iniciando sua vida profissional, conhecidos como a geração Z, tem  a sorte de não crescer com o glamour que foi colocado sob os millenials, pois já nasceram no meio da turbilhão da globalização e lidam sim muito melhor com os desafios da vida por terem pais que chegaram as conclusões como as que aqui cheguei e principalmente por crescerem ouvindo destes sobre suas frustrações, como as por mim aqui descritas e assim, aprendem a enxergar a vida com uma visão um pouco menos utópica. Assim, começam a desenvolver sua própria personalidade individualmente e consequentemente mais rápido.
Usar a primeira pessoa do plural na maior parte deste texto talvez tenha sido um artifício inconsciente pra me sentir melhor. Talvez pra tentar me dizer mesmo que não fui o único a tomar decisões equivocadas até aqui...

Este texto começou a ser escrito em 07/05/2015 e passou por revisão em 04/02/2020. Infelizmente e tornando maior a esperança nas gerações seguintes a minha, um dos trechos incluídos foi este: "...e por incrível que pareça, prestes agora a vivenciarem tudo isso novamente, com o adicional da comunicação em tempo real via redes sociais." Tenso.


terça-feira, 10 de março de 2015

formula mágica da paz

"Essa porra é um campo minado, quantas vezes eu pensei em me jogar daqui?..."

Sim, realmente essa porra toda da qual chamamos de vida é uma merda de um campo minado e se não tomarmos cuidado, cada passo explode uma nova bomba. Inúmeras vezes pensamos em jogar tudo pro alto em busca dos nossos sonhos, mas acabamos deixando pra lá ao lembrarmos dos pesadelos que eles podem se tornar e das certezas das quais nem sempre vale a pena deixarmos pra trás em troca de correr riscos que nem sabemos ao certo se queremos correr.
Uma das coisas que deviam ser ensinadas as crianças na escola (principalmente nas públicas) é que nada da vida adulta é o que parece, que nada será fácil e que mais iremos apanhar da vida do que qualquer outra coisa. Esta matéria poderia se chamar Realidade e deveria ser apresentada durante o ensino médio, naquela fase em que o adolescente tem a plena convicção de que o universo gira ao seu redor e de que tudo o que ele precisa fazer é desafiar e contestar tudo e todos a sua volta.
Acho que essa matéria poderia muito bem substituir química, física, biologia ou até trigonometria, porque não? Principalmente pelo fato de que muitas escolas públicas mal tem professores dessas matérias disponíveis, mas enfim, o que a sociedade de consumo que conhecemos espera da escola é que realmente ela desenvolva jovens cordeiros, que não contestem seus paradigmas e nem se interessem em saber como funciona o mercado, o sistema político e todas as outras coisas que fazem a grande engrenagem da qual fazemos parte funcionar dia a dia sem uma única interrupção. Ou vocês acham que existe outra explicação para no terceiro ano do ensino médio termos aulas de trigonometria e não de matemática financeira?
Entramos na vida 'adulta' sem saber nada sobre juros, impostos, política e civilidade. Se você tem estrutura familiar para aprender isso durante os seus vinte e poucos anos, ótimo. Caso contrário, boa sorte.
Crescemos achando que nos tornaremos adultos como um passe de mágica ao completarmos 18 anos e qual não é a nossa surpresa quando nos deparamos com as contas a pagar, com os custos envolvidos na manutenção de um lar, de uma família, na criação de um filho? Não a toa diversas pesquisas tem surgido nos últimos anos dizendo que na verdade a vida adulta começa por volta dos 25 anos. Não sei se essas pesquisas referem-se ao Brasil, mas pelo momento que o mundo vive, duvido que isso seja exclusivo de nosso país.
Enfim, esse pequeno texto demorou quase um ano pra ficar pronto e tem continuação...

"... Eu vou procurar, eu sei que vou encontrar..."

segunda-feira, 15 de julho de 2013

six feet under the stars (um texto sobre amizade)

dia desses vai fazer um ano que não te vejo. pra ser sincero eu não tenho certeza, pois já estávamos distantes e muita coisa estava acontecendo também em minha vida, então, passo longe de conseguir ser preciso em afirmar realmente a quanto tempo não nos vemos.
fato é que faz tempo, bastante tempo. nesse quase um ano ou pouco mais de um ano, aconteceu tanta coisa, mas tanta coisa, que se eu começar a te contar por aqui eu com certeza vou esquecer de muitas. tive notícias de que amigos nossos (ou nem tão amigos assim) encontraram você por aí, casualmente, em um metrô, em um ponto de ônibus, num shopping ou até em um protesto, veja só! quando isso acontece, parece que sempre fazem questão de me contar em detalhes como você está, sua aparência, se parecia feliz, tranquila, essas coisas. eu não faço questão nenhuma em saber disso, de verdade. e fico as vezes meio bravo em ver que as pessoas ainda não perceberam isso. e eu não faço questão por um simples motivo, prefiro não saber do que acontece, se está bem, se está feliz, se está conseguindo se virar, porque prefiro imaginar e acreditar que sim, está tudo bem, você está super feliz e conseguindo se virar maravilhosamente bem. assim, tudo fica mais fácil e sua lembrança, menos dolorosa.
você tem perdido tantos shows, tantas reuniões sem motivos, tantas conversas sobre a vida, sobre música, sobre política... imagino que já tenha notado, mas você não faz ideia de como estamos mais controlados. não vamos mais para a balada tanto quanto íamos dois anos atrás e quando vamos, costumamos voltar cedo, de carro mesmo, sem precisar do 493 pra nos levar até em casa. agora preferimos nos juntar em algum lugar, comprar algumas coisas (inclusive, as vezes chegamos ao cúmulo de ter mais comida que bebida) e pronto. não temos mais também o nosso espeto, mas isso você deve estar lembrada né? ele já estava fechando quando você ainda estava aqui... isso nos fez encontrar outro lugar para o nosso passatempo favorito, mas esse também não vai durar muito já que a UFABC tá ficando pronta e com isso seremos desepejados novamente e mais um milhão de coisas vão acontecer (como já tem acontecido), então conheceremos novas pessoas, novos lugares e mais um ciclo vai começar e acabar e assim, sucessivamente, como é a vida.
você não faz ideia da falta que faz por aqui. tenho certeza que se pergunta isso, se lembramos de você, se sentimos sua falta, se gostaríamos que as coisas tivessem caminhado de uma maneira diferente, etc...
é impressionante, mas invariavelmente alguém lembra de você, o que costumava fazer em alguma situação, alguma coisa que gostava de comer, algo que costumava falar, seus trejeitos, suas manias, suas músicas... por falar nisso, nunca mais ouvi all time low, sabia? não me faz muito bem, o vini tá de prova. já evitei músicas específicas por causa de alguma ex, mas o que acontece comigo quando toca essa aqui ó https://www.youtube.com/watch?v=6O1SNe-1wXI é algo sem explicação. prefiro evitar.
eu não sei o que é ter um irmão (os meus não contam, tive pouquíssimo contato com eles) e não sei qual o sentimento que existe em relação a um, mas tenho certeza que é algo próximo ao que sinto por você.
enfim, você apareceu na minha vida em uma época de pura descrença e desapego com a vida, onde eu precisava muito de uma pessoa exatamente como você é e, no fundo eu sei que o que você está fazendo agora é algo parecido com o que fez em minha vida, para uma outra pessoa. eu só precisava de um empurrãozinho pra acordar pra vida, e você conseguiu. mas agora, parece que você vai precisar de muito mais força. não vai ser um empurrãozinho que vai resolver tudo, mas acho que você já percebeu né?
do fundo do meu coração, por mais que eu saiba que isso é difícil, espero que você esteja e seja muito feliz, do modo que quiser, onde quiser e com quem quiser. te digo mais uma vez, estarei sempre aqui e torço pro dia que você volte correndo pra gente dar risada disso tudo e relembrar quantas coisas boas já vivemos, quantas tardes a toa, quantos apuros em caminhos desconhecidos, quantos shows perdidos por aí, quantas viagens físicas e principalmente metafísicas e quantas risadas já demos simplesmente por estarmos em pleno contato com a felicidade, lembra dela?
lembra do dia do ibirapuera, que a gente achou que não íamos conseguir sair de lá? nunca dei tanta risada quanto aquele dia e olha, vai ser difícil chegar perto. e você, se lembra da última vez que riu até achar que ia enlouquecer?


terça-feira, 8 de maio de 2012

as coincidências da vida que movem os recomeços

uma das coisas das quais eu jamais saberia explicar é essa sensação de recomeço. indo por partes, alguns devem se lembrar que há tempos (quase dois anos atrás) rolou uma série aqui que se chamava "diário de um ex-fumante". pois bem, passado este longo tempo, posso falar que enfim, consegui. não sou mais dependente de nicotina. coincidentemente, bem na mesma época em que uma das milhares de inutilidades compartilhadas no facebook é uma imagem dos benefícios do cigarro a um ex-fumante e em que o preço do cigarro chega a R$ 5,50. as coincidências da vida movem os recomeços.
acredito que, tudo o que fazemos atraí uma reação correspondente (na verdade, eu acredito nisso porque o einstein falou) e isso fica claro quando você pára (não necessariamente com o cigarro, mas pára no sentido reflexivo da coisa), pensa e analisa tudo e todos a sua volta. quando você vê que existem as pessoas que ajudam e as pessoas que atrapalham. quando você aprende a mais ouvir, do que falar e principalmente, quando você acredita que tudo o que você precisa está dentro de você mesmo. todo o amor, toda a paz, toda a força e toda a coragem. é aquela baboseira toda de discursos de auto-ajuda e de livros de motivação, que não precisam de histórias que venderam milhões para fazerem o ser humano se mover. é só ele querer. é só ele começar a enxergar que são as coincidências da vida que movem os recomeços.
é como começar um texto pra falar sobre recomeço, encontrar relação com coisas passadas, enchê-lo de parênteses e desabafar.
mas nunca, jamais, esqueça de sua essência. é nela que se encontra o que realmente somos.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

diário de um futuro ex-fumante: dias 05, 06, 07 e 08.

Sexta-feira, o excesso de cervejas impediu meu progresso. Fumei vários cigarros, pelo menos até uma meia-noite e meia. Depois, em outro lugar, com outras pessoas, esqueci que ele existia novamente, mas devo admitir que a cerveja me fez ser bem mais fraco do que achei que seria.
Sábado, alguns tragos, nenhum cigarro inteiro e percebi que ainda dava pra continuar, ou seja, notei que realmente estou decidido a parar com o cigarro.
Domingo, ontem, muitas cervejas novamente e somente um trago. É completamente possível parar de fumar quando bem se entende, só saber ser forte pra segurar a vontade na hora da cerveja, ou quando se lembra dele. Canalizar a energia em outra coisa é uma solução muito boa, que tem me ajudado bastante.
Hoje, não senti falta. Realmente, os dias difíceis serão os fins de semana. O cigarro acaba presente em nossas vidas mais como uma mania do que propriamente um vício. A dependência da nicotina, ao meu ver não é tão grande (pelo menos em mim, fumante a oito anos, quatro ininterruptos) quanto aos costumes que adquirimos com o cigarro, como por exemplo aquele depois do almoço, aquele com a cervejinha, ter ele entre o indicador e o dedo médio quando não há nada pra fazer, etc...

O fim de semana renovou minhas forças, pelo menos, depois que o porre de sexta-feira passou.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

diário de um futuro ex-fumante: dias 03 e 04

Ontem, dia do grande desafio, tudo ia bem até a hora do jogo do meu tricolor, inclusive durante os 90 minutos eu me segurei bem, até mesmo pelo fato de não ter vontade de ter que sair do bar pra poder fumar um cigarro e correr o risco de perder algum lance. Mas depois, já indo embora, cheguei a implorar um cigarro, em um momento que posso dizer com tranquilidade que foi o mais díficil até agora, mas as sensacionais @dannnibrown e @thataoliveros não deixaram, fazendo o papel das amigas chatas que se precisa ter neste momento.
Hoje, no trabalho, aquela mesma coisa de toda a semana. Tanto trabalho que não dá tempo nem de pensar em fumar (o que tem me ajudado bastante, devo admitir). Depois, acabei sendo extremamente fraco e acabei me rendendo a um trago do melhor cigarro de todos, o glorioso Marlboro vermelho, que brilhou pra mim, até eu não conseguir me segurar. O lado bom (se é que ele existe) foi que não passou desse trago, mesmo porque foi um trago SU-A-VE. Justiça seja feita, as amigas também tem sido importantes, porque hoje, quem negou cigarro foi a @jucamillo_.
Descobri ontem que manter ele na boca apagado serve como terapia, até a vontade passar, mas é algo que faz eu parecer um idiota... Aí entra um dilema, parecer um idiota, aliviar a vontade com um cigarro apagado, ou conseguir me segurar de qualquer forma? Claro, dá pra segurar... Acredito que estou indo bem, mas o pior está por vir. O começo foi fácil, ao contrário do que pensei, mas cada dia fica um pouco mais tenso, talvez por estar chegando o fim de semana... E ai... ai, vai ser beeem complicado. Tenso.